Simbolismo

No Brasil, inicia-se em 1893, com a publicação de Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambos de Cruz e Sousa. O surgimento do Simbolismo não significa o término do Realismo, na verdade, pode-se considerar mais uma estética paralela e concomitante às outras existentes.

Reagindo ao positivismo e ao materialismo da época, o Simbolismo busca redescobrir e valorizar o mundo interior do homem. A atitude do poeta é agora subjetiva, bastante semelhante à dos românticos; porém os simbolistas vão mais profundamente, chegam ao subconsciente e ao inconsciente e lá se deparam com sensações além da explicação lógica. Neste caso, o leitor de um texto simbolista deve-se deixar levar pelas sugestões que o poema provoca em vez de tentar entendê-lo.

O Simbolismo, ou antiparnasianismo, é uma tentativa de volta à intimidade da pessoa, à interiorização do indivíduo. Implanta-se a supremacia da intuição, a busca do espiritual, do místico, do subconsciente. Interessam mais os estados da alma e os anseios de cada um, do que as formas.

A temática dos poemas simbolistas se baseiam na alma, no espírito, no infinito, no devaneio, nas nuvens, na loucura, no etéreo, no sonho, nas visões das regiões do além, na morte, na aflição, no abandono, na penúria de viver, no amor irrealizável, no vício, na oposição entre corpo e alma, coma a liberação destas pela morte.

O texto simbolista apresenta ambigüidade em que as palavras transcendem o significado; apela para os sentidos e apresenta a sinestesia que cria uma relação entre duas percepções pertencentes a diferentes domínios de sentidos. A linguagem figurada e a sonoridade expressam o conteúdo do subconsciente e do inconsciente. São comuns em textos simbolistas as referências a coisas misteriosas, vagas, místicas para expressar o conteúdo nebuloso. A musicalidade, quanto à forma, é reforçada por rimas internas, ecos e aliterações. As sensações são reforçadas por sinestesias.

AUTORES:

CRUZ E SOUSA (1861 ・ 1898):

É considerado um dos grandes escritores do Simbolismo universal. Teve vida e obra marcadas pelo preconceito racial, dificuldades pessoais e a tuberculose. Sua temáticaevidencia a dor e o sofrimento do negro, mas evolui para o ser humano em geral. A sublimação e a anulação da matéria para a libertação da espiritualidade estão presentes ao lado de elementos místicos, vagos, sombrios e nebulosos da realidade; o poeta abandona o plano material para vincular-se ao caráter metafísico de sua poesia. A linguagem apresenta símbolos jogos de vogais, aliterações, reforçando a sonoridade e sinestesias. Em vida, o ・Cisne Negro・ ou ・Dante Negro・, como era conhecido, publicou Broquéis, na poesia; ainda são seus: Faróis, últimos sonetos. Na prosa, há: Tropos e Fanfarras, Missal e Evocações.

ALPHONSUS DE GUIMERAENS (1870 ・ 1921):

Ficou conhecido como o ・solitário de Mariana・ (MG). Misticismo, amor (por Constança, sua noiva morta) formam o triângulo que caracteriza sua obra. A profunda religiosidade e devoção pela Virgem Maria são atestados em Setenário das obras de Nossa Senhora em que há exagero inclusive na estrutura da obra, pois são 49 sonetos divididos em 7 grupos de 7 sonetos cada, sendo os grupos dedicados a cada uma das 7 dores de Nossa Senhora. A morte aparece como único meio de atingir a sublimação e aproximar-se de Constança e da Virgem; daí o amor aparecer sempre espiritualizado. Publicou também: Câmara ardente, Dona mística, Kyriale; e, na prosa; Mendigos.